sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Lembranças...



Lembranças...

são como fotos, a gente guarda em um lugar seguro , e quando queremos vamos lá, rimos, lembramos, choramos e depois guardamos tudo de novo e seguimos em frente.
É como a marca que a brasa deixa na pele, depois de cair acidentalmente, ou não.
Elas tem o poder de sustentar um amor por toda uma vida, ou apagá-lo de vez; pode devolver a vida, ou tirá-la de vez. Lembranças que fazem sorrir, chorar, ter medo, desespero, borboletas no estômago, raiva, arrependimento, desejos, ou, simplesmente, não nos causam nada.
Quem me conhece sabe que as lembraças me acompanham e costumam me monitorar, no entanto, elas me incentivam a escrever o que eu sinto de uma maneira quase concreta e abstrata.
Hoje, as lembranças me impulsionam a seguir meus sonhos, a ser persistente, teimosa, a conquistar aquilo que eu acredito e a acreditar naquilo que eu sonho.
Mas são essas mesmas lembranças que me fazem chorar agarrada ao meu travesseiro , que me fazem ter medo do escuro e, muitas vezes, procurar abrigo num aperto de mão, num olhar.
Todas as vezes que trilho um caminho diferente, que não sei onde vai dar, as lembranças voltam e, junto, trazem o medo. Aí, eu procuro descobrir pra onde aquele caminho vai me levar e, eu defino uma trajetória e presumo tudo o que vai acontecer e como eu devo agir.
Mas eu nunca aprendo!
Sempre que faço isso, as coisas saem do meu controle e, eu ajo impulsivamente por não saber como agir. Consequentemente, alguns sonhos ficam machucados, outros, traumatizados, e eles se escondem na gaveta do criado mudo, no canto da minha alma.
E, eu, sem notar as suas faltas, não me importo. Às vezes, algumas pessoas se importam e perguntam por eles, eu finjo não saber, mas, no fundo, eu posso sentir o cheiro deles apodrecendo trancados ali, naquela gaveta, infectando toda a minha alma.
Sonhos são como borboletas, eles devem ser livres para pousar em nosso ombro no tempo certo.
Eu andei dando um "jeito" na minha alma.
Era hora de arrumar tudo aquilo!
Já havia se passado tempo suficiente para que eu criasse força e coragem para ver o estrago que aquele vendaval havia feito. Cada caco de vidro, cada sonho, cada restinho de tulipa, me trazia lembranças de bons momentos que eu não queria ter vivido.
Os bons momentos são como anestesia, que impedem que a dor seja sentida e que nos faça ter ilusão de que não vai doer.
Os bons momentos impedem que você pense e perceba que vai sofrer, que vai ser difícil esquecer.
Varri o chão da minha alma, joguei os cacos, os sonhos apodrecidos e os restos de tulipas. Troquei as vidraças, colhi outras flores e coloquei outro vaso no canto da minha alma.


  Quem vê a minha alma agora, não imagina o quanto aquele vendaval feriu e bagunçou tudo o que eu havia arrumado com tanto amor.
As lembranças não me fazem esquecer. E isso é bom! Só assim eu posso dar valor a minha alma, em como é bom vê-la arrumada, com cheiro de flores e com a leve brisa entrando pelas vidraças. E, o melhor, eu não espero mais que me tragam flores, eu mesma as colho e enfeito a minha alma. Porque, para a gente se sentir bem, só depende da gente.


Um comentário:

  1. Saudade e Lembrança
    Lembrança é da Memória,
    Saudade é da Alma.
    Muitas lembranças, poucas saudades.
    Lembranças surgem com um cheiro, uma música, uma palavra...
    Saudade surge sozinha, emerge do fundo do peito onde é guardada com carinho.
    Lembrança pode ser boa, mas quando não é, pode-se afastá-la convocando outra lembrança ou convocando outro pensamento para o lugar, ligando a TV ou lendo o jornal.

    Saudade é sempre boa, mesmo quando dói, e não se apaga mesmo que outra pessoa tente ocupar o lugar vazio. Ela pode coexistir com um novo amor, sem machucá-lo.

    Lembrança é de algo real, de um lugar, de uma época, uma pessoa.
    Saudade pode ser do que não houve, de uma possibilidade, de lábios jamais tocados.

    Lembrança pode ser contada, medida, localizada, e com algum esforço, pode até ser calculada com uma fórmula matemática, ao gosto dos engenheiros.

    Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias; vontade de ver outra pessoa, segundo os poetas, teria outro nome, seria uma saudade com tempero, eu acho.

    Lembrança pode ser sem som, pode não doer.
    Saudade jamais é sem som.
    Se ela não vier com música de fundo, a gente coloca, só para ficar mais bonita, mais gostosa de sentir, para preencher mais a alma vazia.

    Lembrança vence a morte, mas conforma-se com a ausência, respeita convenções. Lembrança aceita nosso comando, vai e volta quando queremos.

    Saudade é irreverente, independente e auto suficiente

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